Basta um dia, doze graus negativos e uma tempestade de neve para a nossa perspectiva sobre o Inverno mudar completamente. Não me interpretem mal, ainda não odeio o Inverno. Simplesmente aprendi coisas que vão totalmente contra as ideias que tinha formado sobre tudo isto.
Primeiro, percebi porque é que o Pai Natal tem sempre aquele ar bonacheirão, com as bochechas vermelhinhas. Não se trata de felicidade excessiva, como acontece com as crianças que correm o dia todo de um lado para o outro. É culpa do frio. bastam cinco minutos lá fora, para se ganhar um par de tomates na cara, ou no nariz, ou na testa, ou, com algum azar, em todo o lado.
E é aqui que se altera a minha ideia sobre a neve e o frio. Pensava eu que eram totalmente opostos à praia, ao calor do verão, mas estava enganada. Também no verão as pessoas ficam vermelhas, e a neve não é assim tão diferente da areia. Vejamos: Acordei esta manhã depois da tempestade, e demorei mais quinze minutos do que o costume a chegar à faculdade, pois é tão difícil caminhar sobre a neve como sobre a areia. E quando o vento empurra os flocos brancos para a nossa boca, a sensação é similar à de comer areia, porque, quando a neve cai, não parece húmida, tanto que se torna difícil moldá-la para fazer bolas, outra ideia errada que eu tinha. E se formos a ver, as brincadeiras são semelhantes - quem salta as dunas, escorrega por montes de neve, quem faz croquetes, rebola pelo chão branco, quem constrói castelos, constrói bonecos.
Foi isto que se passou ontem à meia-noite, algures pela Polónia, quando um grupo de cinco ou seis pessoas decidiu sair para a tempestade de neve que a noite trouxe, para fazer uma batalha, não com o tempo, mas uns com os outros. E o pior foi no fim descobrir que, o cabelo congelado, todos pintados de branco, o corpo dorido do frio, não sabe bem entrar em casa, que o contraste frio-quente faz doer a cara e as mãos.
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