domingo, 31 de outubro de 2010

Stary Browar

E o nome não podia ser mais literal - Fábrica Antiga. De cerveja. o espaço foi aproveitado para fazer um shopping, e não podia ser mais agradável passear pelos corredores deste espaço, desta vez, não para ver montras, mas simplesmente para apreciar a arquitectura do lugar.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Sabores

Sair de um país é experimentar. Experimentar um novo clima, experimentar novos caminhos, novas pessoas, novos sons, nova arquitectura, nocas cores, novos sabores. E parece que o sítio certo para experimentar novos gostos é a Polónia. 

Podia aqui falar da comida típica - dos pierogi, uma espécie de rissol mas sem o pão ralado e cozido em vez de frito, que pode levar lá dentro desde cogumelos e couve, até batata, queijo, ou mirtilos; das bolinhas brancas, cujo nome não me lembro agora, que parecem pão, e que são acompanhadas por um molho à escolha. Podia falar da zapiekanka, uma espécie de baguete gigante com molho de tomate e outros ingredientes, uma pizza manhosa, como o Hardcore lhe chama; ou do rogał, uma espécie de croissant seco, com amêndoas e nozes lá dentro.

Mas não há nada como referir os estranhos hábitos dos polacos, que comem ovos mexidos ao pequeno almoço, que perguntam se queremos algum molho com a nossa pizza (e que boas pizzas aqui se comem, 54 centrímetros de pizza por apenas 8€, é de louvar!), e que comem kapusta como quem se serve de batatas fritas de pacote. E o que é kapusta, estão agora a perguntar? É couve. Uma espécie de couve branca, cortada muito fininha, quase ralada, diria eu. Também têm por hábito comer uma espécie de saladas com pão. Uma espécie de, porque tem vários ingredientes a nadar num molho qualquer, seja de maionese ou de iogurte, não sei bem, e que se vendem no supermercado como se vende a carne ou o queijo - têm compartimentos para diferentes tipos destas "saladas", cujo preço está estabelecido ao kilo. 

Por fim, há que referir as coisas banais, do dia-a-dia. Sabores. Sabores que eu nunca antes tinha visto, em objectos tão banais como bolachas, ou chocolates. Sabores como laranja e limão,  creme de amendoim, com pedaços de arroz tufado, canela, e outros que ainda estão por provar.... Com jeitinho, para não estragar a linha! Que isto dos sabores que vêm aos kilos nem sempre é muito boa ideia.

domingo, 24 de outubro de 2010

Velas e Cabelos

... podem dar resultados desastrosos juntos. Mas não, não é disso que vou falar. Já lá vai o tempo em que o David pegou fogo ao meu cabelo. De facto, este tópico até se podia chamar "os polacos são estranhos", mas as conclusões prefiro deixá-las para vocês. 

Trata-se aqui portanto, de avaliar uma estranha obcessão que os polacos têm por velas... funerárias. Aí está. Em Portugal, o único sítio em que me lembro de ver velas deste tipo, foi no cemitério, que é o sítio delas, está claro. Mas não, não pensem que os polacos as usam de outra maneira, não é isso que está em causa. O que está em causa é que é deveras assustador ir ao Carrefour, e tudo o que há no corredor da entrada ( e o corredor da entrada é o corredor principal, note-se) são velas funerárias. 

Poderão dizer que isto se deve à aproximação do dia 1 de Novembro, vulgarmente conhecido como dia dos mortos, e em que é suposto visitar-se as pessoas que nos eram próximas e já se foram, mas saliento que este facto já se verifica desde que aqui cheguei.  Lembrei-me disto porque hoje vi pela primeira vez um catálogo de publicidade de um supermercado qualquer, e lá estavam as velas, na primeira página, com a bolinha azul a dizer "Super Cena" que é como quem diz "Promoção", mas em polaco. Mal se tinha dado esta situação quando entro no carro de um polaco que me ia dar boleia até ao centro, e que me diz, enquanto entro, "cuidado com a vela", e lá estava ela, na parte de trás do carro, deitada no banco como se fosse esse o seu lugar.

Um dia ainda hei-de averiguar qual é a relação deles com as velas. Mas de momento quero dissertar sobre cabelos. Foi outra coisa que eu notei desde que aqui cheguei - os polacos são muito mais abertos no que toca a penteados. Talvez porque todas as mulheres sejam loiras (ou quase) e de cabelo liso, há uma grande preocupação em diferenciar-se. Então vê-se cores de cabelo diferentes - laranjas e vermelhos fortes, que, como elas são muito loiras, pegam mesmo bem, ou simplesmente cores que não se sabia existirem e que parem impossíveis de identificar.

Depois, também não é raro ver-se raparigas com parte do cabelo rapado, ou rastas, que, em Portugal, seriam associadas a pessoas com um estilo próprio, "friks" e, provavelmente, olhadas de lado pelas pessoas ditas "normais", e que, aqui, se vestem tal qual outra pessoa qualquer, com botas de tacão, blusas, cores neutras. Digo que isto ainda me causa uma certa confusão - estou esterotipada de outra maneira. Mas não deixo de me sentir contente de ver que aqui as raparigas não são simplesmente clones umas das outras, com os cabelos compridos, pelas costas, ondulados,  e sempre no sítio certo, que em Portugal, roupa amorrotada e cabelo despenteado, é pecado. 

Quanto aos rapazes, ao princípio fez-me confusão - supostamente a Polónia é um país frio. Então porque é que a maioria usa o cabelo rapado? E depois lembrei-me que o cabelo à surfista é o cabelo mais comprido - e supostamente o surf vem de países quentes. Deve ser, portanto, só mais uma daquelas contradições da natureza.

Vá-se lá saber os porquês.

domingo, 17 de outubro de 2010

A um (de)grau do negativo

O tempo.

Têm-me perguntado bastante sobre o tempo: se tem estado sol ou chuva, e como tenho aguentado o frio. Na verdade, ou tenho tido muita sorte, ou o tempo aqui é sempre muito constante. Estou aqui há pouco mais de duas semanas, e os dias têm acordado sempre da mesma maneira, sol e céu limpo, mesmo quando a meteorologia anunciou chuva para os últimos dias. O vento, não parece atingir esta zona do planeta, ou então eu é que estou habituada às ventanias do litoral, às Nortadas do verão, e já nem o sinto.  O que ajuda muito em relação ao frio, pois, quando não há vento, parece que é mais fácil de aguentar. O frio não se entranha nos ossos, e, quando temos o solzinho a bater-nos na cara, a queimar-nos docemente a pele, sabe bem, sabe muito bem. Mas não posso dizer que seja sempre assim. Há uma altura em custa muito, o frio, em que o ar sai da nossa boca como se fosse fumo de cigarro, e quase que custa a respirar. É quando se vem às cinco da manhã de um bar qualquer, sem álcool no sangue, e todos os casacos que temos em casa não parecem ser suficientes para nos aquecer. O que só dura o tempo de espera pelo tram, que, (graças a deus!) mesmo durante a noite passa de quinze em quinze minutos. E como sabe bem chega a casa, tirar tudo o que temos e ficar em t-shirt, que dentro de todos os edifícios está calor suficiente para isso.
Mas a temperatura está a descer, devagarinho. Sei que em breve os dez positivos vão ser dez negativos, e aí vamos ver se o meu optimismo não passa a negativismo. Vem aí, e já não falta muito - falta só um grau, e descer o degrau que dá para a rua.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Dia-a-dia

Desço a rua, passo pelo Biedronka, e salto a cancela amarela para apanhar o tram. É estranho como em tão pouco tempo isto se tornou num hábito tão familiar, numa coisa que sei que vai continuar a acontecer diariamente, e que me faz sorrir. Lembro-me como no primeiro dia pensei que vivia numa zona da cidade que era tão feia, e como é irónico que comece agora a dar-lhe uma nova importância, a dar-lhe um outro valor. O Biedronka, a cancela amarela, o tram. Os dez minutos de viagem aos solavancos, sair quase à porta da faculdade. E que sonho que é a faculdade!

Entro pela primeira vez numa sala de aula polaca, para ter a minha primeira aula, fotografia. Enquanto os alunos vão entrando e ocupando os lugares vazios, olho pelas janelas, que ocupam toda a parede lateral. O sol entra a jorros, queimando-me agradavelmente o rosto. Lá fora, deposita-se na relva, nas árvores, num laguinho verde, ao centro. Suspiro, encantada, lembrando as salas subterrâneas do Anexo onde antes tinha aulas. O professor fecha a persiana - deve ter reparado no meu descontentamento, pois faz uma piada sobre vir de um país latino, e ser por isso que prefiro o sol. Isto traduziu-me a Jaga, isto e a aula toda,  ou a única coisa que eu teria percebido era que ele estava a falar de cores e do photoshop, e a palavra "następny", que significa seguinte, e que eu aprendi ao ir ao super-mercado, por vir escrito nos separadores das compras. 

A aula é só de hora e meia, e tem um intervalo pelo meio. Mesmo assim, custa um bocadinho a passar, depois de quatro meses de férias. É a única que tenho hoje. Vou de volta para o tram, com algumas pessoas que conheci entretanto. Vai ser assim a minha rotina, todos os dias, e, não sei porquê, sabe-me bem. 

 Chego a casa. Tentar perceber polaco, ter de estar sentada, pensar em trabalhos, em horários, em cadeiras que posso ou não posso ter, deu cabo de mim. Adormeço por umas horas, até a Mia chegar. São nove e meia. Os polacos já jantaram há cinco horas atrás, mas para mim, são horas do jantar. Só à terceira tentativa é que saiu bem, mas devo estar com azar, porque acabei por deixar cair tudo no chão, partir o prato e a panela. Amanhã há mais aulas, tenho de me deitar cedo, mas ainda há tempo para ir ao terceiro andar por a conversa em dia com o Hardcore da Tété, ele que me perdoe, mas tinha de gozar.

Resta desejar, em polaco, está claro, dobranoc.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Atentados

Ainda ontem falei sobre como era a vida num dormitório, e eis que a vida num dormitório se torna digna de um filme de acção. Imaginem o que é chegar a casa e encontrar um panorama de ambulâncias, polícia, e bombeiros, uma corda a impedir a passagem, e cerca de uma centena de pessoas sentadas na rua, algumas de pijama e chinelos. A causa? Uma ameaça de bomba. 

Começo a questionar se quem lançou o alarme não terá sido o supermercado ao lado, o Biedronka, ou joaninha, em português, que ficou, de repente, atolhado de pessoas que queriam comprar comida, cervejas, ou simplesmente ficar no quente, já que estava a escurecer. Para quem ficou lá fora durante as três horas que durou a revistar os quartos, a polícia mandou chamar um autocarro, que ficou parado, com o motor ligado, só para não termos frio. 

Foi com muita alegria e quase a correr que todos voltaram para os seus quartos, para jantar e descansar... mas não por muito tempo, pois esta manhã voltou a soar o alarme: "Uwaga studenci ... ewacuatji.." - e isto foi tudo o que percebi, entre as frases em polaco gritadas pelo corredor, e que eram, afinal, um falso alarme,  desta vez, um atentado ao meu sono.

Começo a questionar-me que tipo de país é este onde acontece este tipo de coisas!


quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Vida de Dormitório

Viver num dormitório tem muito que se lhe diga. O meu tem sete andares, cada um com vinte e quatro quartos, com duas pessoas a viver em cada um. Significa que todos os dias se acaba por conhecer alguém nas escadas, ou por conhecer alguém num bar que vive alguns andares acima de nós! O que acaba por ser muito divertido, pois acaba por se arranjar companhia para o caminho para casa, para os jantares, ou para um momentinho de convívio ao fim do dia. 

O que não é divertido é que, do pessoal que aqui trabalha, só um fala inglês, o segurança nocturno. Ou seja, para pedir informações sobre como funcionam as lavandarias, para perguntar se temos correio, ou para pedir as contas do mês, acabamos sempre por demorar horas e não chegar a lado nenhum. Como esta manhã, em que fui acordada pela empregada de limpeza, que entrou de rompante no nosso quarto, com as novas regras (que alguém, finalmente, se lembrou de traduzir para inglês) e uns papeis para assinarmos, para verificar se estava tudo em ordem no nosso quarto. O problema é que nós já tínhamos assinado os tais papeis com outra empregada, mas foi preciso meia hora e uma vizinha polaca para que ela percebesse o que nós queríamos dizer.

Mesmo assim, pensei que fosse mais difícil viver sozinha - ter de fazer refeições todos os dias, lavar a louça, a roupa, arrumar e limpar - mas não é. Talvez porque as refeições são em menos quantidade do que se faz em casa, a louça para lavar é menos, e tem-se companhia de pessoas interessantes, de alguma parte do mundo para nós desconhecida - croácia, turquia, rússia, itália, alemanha, áustria... Às vezes também fazemos refeições comuns, em que cada pessoa cozinha alguma coisa típica do seu país, o que acaba por ser óptimo para abrirmos a mente a novos hábitos alimentares, novas misturas, novos sabores. 

Anyway, sabe bem viver num dormitório.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Tomem lá, coleguinhas!

Faculdade. Finalmente eu ando numa faculdade a sério. Passei do "anexo" para aquela que é a mais recente e melhor faculdade de Poznan. É um edifício grande, todo em vidro, com um jardim interior. Mal se entra, há uma secção onde deixar o casaco, e uma televisão gigante que mostra todos os professores da faculdade e o gabinete onde eles se encontram. Há cacifos, há pessoas, e fica num verdadeiro pólo universitário, junto das faculdades de filosofia, informática e matemática. Assim até sabe bem estudar!



segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Armii Monument - skate spot

Hoje dediquei a minha tarde a procurar um spot de skate, o Armii Monument - um monumento aos soldados da Segunda Guerra. É incrível como podem existir sítios que nos tocam de uma maneira diferente dos outros todos. De repente, eu já não era mais a turista de máquina fotográfica ao ombro e mapa no bolso. De repente eu estava em casa. Os sons que me são tão familiares, os rapazes de calças justas e camisola larga, os cantinhos cheios de mochilas, casacos e garrafas de água, o "pedra-papel-tesoura", todos eles estavam ali, de novo. De repente a língua deixou de ter importância - o skate é como a matemática, linguagem universal.

Fiquei por ali um bocadinho, a observar de longe. O spot não é muito grande, mas também não há muitos skaters. Na grande maioria é flat, mas tem umas escadas, e um degrauzinho que vai aumentando de tamanho, fixe para quem está a aprender, e, para os mais prós, o monumento oferece uns inclines mais abusados. Como não há curbs, todas as tábuas tinham um ar muito limpinho, cheias de desenhos e autocolantes. Isso também faz com que as manobras técnicas sejam mais perfeitas - quase parece que têm aquele flow dos prós americanos. Depois, lá me atrevi a pedir um skate emprestado, que as pernas já estavam a pedir, e a "pica" já me corria no sangue. Soube como nunca.

Já há muito tempo que não sentia o mundo desta maneira. Como se o meu corpo estivesse em comunhão com o céu e o chão. Escusado será dizer que depois disso parecia estranho ter duas pernas outra vez, que só me apetecia ter ali o meu skate e ficar ali até os músculos gritarem de cansaço, até libertar toda a moleza acumulada pela ausência dos últimos dias. 

Mas não está, e provavelmente só na próxima semana é que o tenho.

sábado, 2 de outubro de 2010

Sorte, azar, destino, coincidência

Rondo Kaponiera. O nome fez-me lembrar “redondo”, o que acabou por ter piada, porque, na verdade, este é um sítio onde se cruzam os carros e os eléctricos, e para os peões atravessarem em segurança, construíram uma espécie de rotunda subterrânea, com cinco ou seis saídas, para cada lado do Rondo.  Foi aqui que conheci o meu primeiro amigo nativo, numa demonstração de que, de facto, o mundo é muito pequeno, (ou por pura coincidência?) – “de onde és?”, “de Portugal”, “ah, então podemos falar português!”. Já tinha feito Erasmus em Portugal.

Não pensem, porém, que todos os polacos são comunicativos e atenciosos. São muito de extremos. Tanto há aqueles a que se demoram a dizer que não falam inglês, como se estivessem a ponderar em ajudar ou não; como aqueles que são demasiado úteis, que, em vez de dar apenas indicações, nos levam à porta do sítio onde queremos ir, e até, nos dão o número de telemóvel deles, para o caso de ser preciso mais alguma coisa.

A custo, lá encontrei um Hostel, mesmo quando os donos estavam a sair, por não haver mais ninguém hospedado. O La Guitarra é um sítio muito engraçado, todo dedicado à música. Os quartos têm nomes de cantores famosos, e à porta de cada quarto há uma fotografia de cada um deles colada num vinil. Mas bem que me parecia estranha toda esta onda de sorte! Afinal, o Hostel tinha aberto há apenas uns dias, e haviam problemas na canalização, pelo que tive de tomar banho de água fria, usar sabonete líquido para as mãos, visto que não trouxe nenhum produto de higiene comigo, e limpar-me a umas peças de roupa, pois não havia toalhas. Seja como for, soube bem a sensação de estar limpa, de me deitar numa cama a sério, num quarto aquecido!

Lá fora faz muito frio. Parece quase o Inverno português, e ainda estamos no princípio de Outubro! A única diferença é que quase não há vento, o que torna o frio muito mais suportável.

Não sei com o que sonhei. Provavelmente com Portugal, porque quando acordei fiquei, durante uns segundos, admirada de estar ali. Esperava-me um longo dia, no entanto. Fui à reitoria da universidade, uma experiência bastante interessante. O espaço estava todo em obras, com trabalhadores em fatos-macaco e botas a levantar pó por todo o lado, mas, mesmo assim, toda a gente que por lá andava estava muito bem vestida – demasiado bem vestida aliás. Como se viessem todos de um discurso da rainha de Inglaterra ou assim.

Admirou-me principalmente o facto de quase ninguém falar inglês, e de atirarem as responsabilidades sempre para outra pessoa – “o teu mentor, onde está o teu mentor? Ele é que devia fazer isso!”. É claro que, tratando-se do meu mentor, tinha de estar retido noutra cidade, e não poder, por isso, ajudar-me com todas as coisas.

Pelo menos já tenho um sítio onde viver. É um dormitório universitário cujo nome ainda não consigo pronunciar, e onde ninguém (do pessoal) fala inglês, pelo que devem imaginar o filme que foi tratar das coisas aqui. O meu quarto tem uma cama fofa e uma grande secretária, e um quarto de banho em tons de castanho, com um chuveiro com mais pressão do que o que tenho em casa, e um daqueles aquecedores onde se pode pôr a toalha a secar ou aquecer. Infelizmente, não há pratos, talheres, ou tachos para cozinhar, por isso passei a tarde no supermercado com a minha companheira de quarto, uma rapariga Austíaca que se mostrou muito contente com a minha chegada. E na verdade, sabe bem ter alguma companhia, alguém com quem trocar impressões e a quem pedir ajuda.

Sobre o supermercado, tenho a dizer que, excepto a zona de saldos, vendia produtos normais: comprei um sabonete Dove, e um champô da Loreal. Para comer, decidi experimentar alguma coisa polaca, e trouxe kroketkis, uma espécie de croquetes gigantes que sabiam a crepes chineses. Em relação à secção dos saldos, era uma espécie de banca com todo o tipo de produtos, a maioria dos quais parecia já ter sido usada, e que, incrivelmente, são vendidos ao peso.

Mas não há nada mais hilariante do que ver filmes em televisões polacas. Porque, como na maioria dos países da Europa, os Polacos dobram os filmes em vez de usar legendas. O que até seria interessante, se não se desse o facto de ser sempre a mesma pessoa a ler as falas de todas as personagens, e sempre com a mesma entoação. Só resta desejar, sinceramente, que não usem sempre a mesma voz para todos os filmes.

Bergamo