Tem dias em que me dá para ser nostálgica.
Quando os meus amigos me contam o que fizeram, e eu sei que não estive lá com eles, que quando voltar vão haver imensas memórias que não partilhamos. Quando vejo as fotografias e vejo que as roupas são diferentes, que um deixou crescer o cabelo, outro a barba, quando as nossas conversas começam por "nem sabes o que perdeste". Quando as novas coisas que eles fazem são as velhas que fazíamos, e as recordações voltam, e só dá vontade de correr de novo para os Aliados, subir a rua dos Clérigos e sentar junto à fonte dos Leões, com uma garrafa de Dom Simon do Pingo Doce aos pés. Tenho saudades das loucuras dos punks, da familiaridade dos hippies, das conversas intelectuais sobre o sentido da vida. Tenho saudades do skate, dos croissants quentinhos a cinquenta cêntimos, de ir acampar durante uma semana para casas de pais desaparecidos algures no mundo.
Faz algum tempo que me tenho dedicado a outras escritas...as académicas e as pessoais. Podia vir aqui falar sobre o Natal na Polónia, sobre os doze pratos de comida que eles têm ao jantar, e no dia extra, o 26, em que ninguém trabalha. Podia falar sobre o ano que agora começa, e podia dizer quantas tradições experimentei a noite passada com turcos, alemães e croatas. Mas o meu estado de Polonização tem muita coisa que nunca vai ser (d)escrita, e se vou começar um ano na Polónia, que seja relembrando o que está para trás, e que está presente, ao mesmo tempo, nesta mistura de ideias que é o meu mundo.
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