Mostrar mensagens com a etiqueta fotos. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta fotos. Mostrar todas as mensagens

domingo, 28 de novembro de 2010

E de repente


E de repente, a cidade veste-se de branco, pronta para receber o Inverno já bate à porta. Vem de longe, com as malas às costas. Ninguém sabe de quanto tempo é a estadia, mas ninguém se parece importar. O vento canta uma música que aprendeu em terras longínquas, desconhecidas, e os flocos de neve dançam lentamente em direcção à Terra. A noite vai-se deixando ficar, cada dia um pouco mais, saudando este velho amigo de quem já sentia a falta. É ele o único que, como ela, consegue acender luzinhas, cobrindo a cidade de um tom amarelo e misterioso.   
Só os sapatos parecem descontentes, rangendo a cada passo, queixando-se do frio em que mergulham.

domingo, 14 de novembro de 2010

Aushwitz



Several million foreigners in a condition of slavery, overworked, despised, undernourished, badly clothed, and badly cared for, cut off from all contact with their native land. They were not 'typical prisoners', they did not have integrity, on the contrary they were demoralized and depleted....For them escape was difficult and extremely dangerous; besides being demoralized, they had been weakened by hunger and maltreatment; they were and knew they were considered worth less than beasts of burden. Their heads were shaved, their filthy clothes were immediately recognizable, their wooden clogs made a swift and silent step impossible. If they were foreigners, they had neither acquaintances nor viable places of refuge in the surroundings....The particular, but numerically imposing, case of the Jews was the most tragic....In what direction could they flee? To whom could they turn for shelter? They were outside the world, men and women made of air.
Primo Levi

domingo, 31 de outubro de 2010

Stary Browar

E o nome não podia ser mais literal - Fábrica Antiga. De cerveja. o espaço foi aproveitado para fazer um shopping, e não podia ser mais agradável passear pelos corredores deste espaço, desta vez, não para ver montras, mas simplesmente para apreciar a arquitectura do lugar.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Atentados

Ainda ontem falei sobre como era a vida num dormitório, e eis que a vida num dormitório se torna digna de um filme de acção. Imaginem o que é chegar a casa e encontrar um panorama de ambulâncias, polícia, e bombeiros, uma corda a impedir a passagem, e cerca de uma centena de pessoas sentadas na rua, algumas de pijama e chinelos. A causa? Uma ameaça de bomba. 

Começo a questionar se quem lançou o alarme não terá sido o supermercado ao lado, o Biedronka, ou joaninha, em português, que ficou, de repente, atolhado de pessoas que queriam comprar comida, cervejas, ou simplesmente ficar no quente, já que estava a escurecer. Para quem ficou lá fora durante as três horas que durou a revistar os quartos, a polícia mandou chamar um autocarro, que ficou parado, com o motor ligado, só para não termos frio. 

Foi com muita alegria e quase a correr que todos voltaram para os seus quartos, para jantar e descansar... mas não por muito tempo, pois esta manhã voltou a soar o alarme: "Uwaga studenci ... ewacuatji.." - e isto foi tudo o que percebi, entre as frases em polaco gritadas pelo corredor, e que eram, afinal, um falso alarme,  desta vez, um atentado ao meu sono.

Começo a questionar-me que tipo de país é este onde acontece este tipo de coisas!


terça-feira, 5 de outubro de 2010

Tomem lá, coleguinhas!

Faculdade. Finalmente eu ando numa faculdade a sério. Passei do "anexo" para aquela que é a mais recente e melhor faculdade de Poznan. É um edifício grande, todo em vidro, com um jardim interior. Mal se entra, há uma secção onde deixar o casaco, e uma televisão gigante que mostra todos os professores da faculdade e o gabinete onde eles se encontram. Há cacifos, há pessoas, e fica num verdadeiro pólo universitário, junto das faculdades de filosofia, informática e matemática. Assim até sabe bem estudar!



segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Armii Monument - skate spot

Hoje dediquei a minha tarde a procurar um spot de skate, o Armii Monument - um monumento aos soldados da Segunda Guerra. É incrível como podem existir sítios que nos tocam de uma maneira diferente dos outros todos. De repente, eu já não era mais a turista de máquina fotográfica ao ombro e mapa no bolso. De repente eu estava em casa. Os sons que me são tão familiares, os rapazes de calças justas e camisola larga, os cantinhos cheios de mochilas, casacos e garrafas de água, o "pedra-papel-tesoura", todos eles estavam ali, de novo. De repente a língua deixou de ter importância - o skate é como a matemática, linguagem universal.

Fiquei por ali um bocadinho, a observar de longe. O spot não é muito grande, mas também não há muitos skaters. Na grande maioria é flat, mas tem umas escadas, e um degrauzinho que vai aumentando de tamanho, fixe para quem está a aprender, e, para os mais prós, o monumento oferece uns inclines mais abusados. Como não há curbs, todas as tábuas tinham um ar muito limpinho, cheias de desenhos e autocolantes. Isso também faz com que as manobras técnicas sejam mais perfeitas - quase parece que têm aquele flow dos prós americanos. Depois, lá me atrevi a pedir um skate emprestado, que as pernas já estavam a pedir, e a "pica" já me corria no sangue. Soube como nunca.

Já há muito tempo que não sentia o mundo desta maneira. Como se o meu corpo estivesse em comunhão com o céu e o chão. Escusado será dizer que depois disso parecia estranho ter duas pernas outra vez, que só me apetecia ter ali o meu skate e ficar ali até os músculos gritarem de cansaço, até libertar toda a moleza acumulada pela ausência dos últimos dias. 

Mas não está, e provavelmente só na próxima semana é que o tenho.