domingo, 24 de outubro de 2010

Velas e Cabelos

... podem dar resultados desastrosos juntos. Mas não, não é disso que vou falar. Já lá vai o tempo em que o David pegou fogo ao meu cabelo. De facto, este tópico até se podia chamar "os polacos são estranhos", mas as conclusões prefiro deixá-las para vocês. 

Trata-se aqui portanto, de avaliar uma estranha obcessão que os polacos têm por velas... funerárias. Aí está. Em Portugal, o único sítio em que me lembro de ver velas deste tipo, foi no cemitério, que é o sítio delas, está claro. Mas não, não pensem que os polacos as usam de outra maneira, não é isso que está em causa. O que está em causa é que é deveras assustador ir ao Carrefour, e tudo o que há no corredor da entrada ( e o corredor da entrada é o corredor principal, note-se) são velas funerárias. 

Poderão dizer que isto se deve à aproximação do dia 1 de Novembro, vulgarmente conhecido como dia dos mortos, e em que é suposto visitar-se as pessoas que nos eram próximas e já se foram, mas saliento que este facto já se verifica desde que aqui cheguei.  Lembrei-me disto porque hoje vi pela primeira vez um catálogo de publicidade de um supermercado qualquer, e lá estavam as velas, na primeira página, com a bolinha azul a dizer "Super Cena" que é como quem diz "Promoção", mas em polaco. Mal se tinha dado esta situação quando entro no carro de um polaco que me ia dar boleia até ao centro, e que me diz, enquanto entro, "cuidado com a vela", e lá estava ela, na parte de trás do carro, deitada no banco como se fosse esse o seu lugar.

Um dia ainda hei-de averiguar qual é a relação deles com as velas. Mas de momento quero dissertar sobre cabelos. Foi outra coisa que eu notei desde que aqui cheguei - os polacos são muito mais abertos no que toca a penteados. Talvez porque todas as mulheres sejam loiras (ou quase) e de cabelo liso, há uma grande preocupação em diferenciar-se. Então vê-se cores de cabelo diferentes - laranjas e vermelhos fortes, que, como elas são muito loiras, pegam mesmo bem, ou simplesmente cores que não se sabia existirem e que parem impossíveis de identificar.

Depois, também não é raro ver-se raparigas com parte do cabelo rapado, ou rastas, que, em Portugal, seriam associadas a pessoas com um estilo próprio, "friks" e, provavelmente, olhadas de lado pelas pessoas ditas "normais", e que, aqui, se vestem tal qual outra pessoa qualquer, com botas de tacão, blusas, cores neutras. Digo que isto ainda me causa uma certa confusão - estou esterotipada de outra maneira. Mas não deixo de me sentir contente de ver que aqui as raparigas não são simplesmente clones umas das outras, com os cabelos compridos, pelas costas, ondulados,  e sempre no sítio certo, que em Portugal, roupa amorrotada e cabelo despenteado, é pecado. 

Quanto aos rapazes, ao princípio fez-me confusão - supostamente a Polónia é um país frio. Então porque é que a maioria usa o cabelo rapado? E depois lembrei-me que o cabelo à surfista é o cabelo mais comprido - e supostamente o surf vem de países quentes. Deve ser, portanto, só mais uma daquelas contradições da natureza.

Vá-se lá saber os porquês.

1 comentário: