sábado, 2 de outubro de 2010

Sorte, azar, destino, coincidência

Rondo Kaponiera. O nome fez-me lembrar “redondo”, o que acabou por ter piada, porque, na verdade, este é um sítio onde se cruzam os carros e os eléctricos, e para os peões atravessarem em segurança, construíram uma espécie de rotunda subterrânea, com cinco ou seis saídas, para cada lado do Rondo.  Foi aqui que conheci o meu primeiro amigo nativo, numa demonstração de que, de facto, o mundo é muito pequeno, (ou por pura coincidência?) – “de onde és?”, “de Portugal”, “ah, então podemos falar português!”. Já tinha feito Erasmus em Portugal.

Não pensem, porém, que todos os polacos são comunicativos e atenciosos. São muito de extremos. Tanto há aqueles a que se demoram a dizer que não falam inglês, como se estivessem a ponderar em ajudar ou não; como aqueles que são demasiado úteis, que, em vez de dar apenas indicações, nos levam à porta do sítio onde queremos ir, e até, nos dão o número de telemóvel deles, para o caso de ser preciso mais alguma coisa.

A custo, lá encontrei um Hostel, mesmo quando os donos estavam a sair, por não haver mais ninguém hospedado. O La Guitarra é um sítio muito engraçado, todo dedicado à música. Os quartos têm nomes de cantores famosos, e à porta de cada quarto há uma fotografia de cada um deles colada num vinil. Mas bem que me parecia estranha toda esta onda de sorte! Afinal, o Hostel tinha aberto há apenas uns dias, e haviam problemas na canalização, pelo que tive de tomar banho de água fria, usar sabonete líquido para as mãos, visto que não trouxe nenhum produto de higiene comigo, e limpar-me a umas peças de roupa, pois não havia toalhas. Seja como for, soube bem a sensação de estar limpa, de me deitar numa cama a sério, num quarto aquecido!

Lá fora faz muito frio. Parece quase o Inverno português, e ainda estamos no princípio de Outubro! A única diferença é que quase não há vento, o que torna o frio muito mais suportável.

Não sei com o que sonhei. Provavelmente com Portugal, porque quando acordei fiquei, durante uns segundos, admirada de estar ali. Esperava-me um longo dia, no entanto. Fui à reitoria da universidade, uma experiência bastante interessante. O espaço estava todo em obras, com trabalhadores em fatos-macaco e botas a levantar pó por todo o lado, mas, mesmo assim, toda a gente que por lá andava estava muito bem vestida – demasiado bem vestida aliás. Como se viessem todos de um discurso da rainha de Inglaterra ou assim.

Admirou-me principalmente o facto de quase ninguém falar inglês, e de atirarem as responsabilidades sempre para outra pessoa – “o teu mentor, onde está o teu mentor? Ele é que devia fazer isso!”. É claro que, tratando-se do meu mentor, tinha de estar retido noutra cidade, e não poder, por isso, ajudar-me com todas as coisas.

Pelo menos já tenho um sítio onde viver. É um dormitório universitário cujo nome ainda não consigo pronunciar, e onde ninguém (do pessoal) fala inglês, pelo que devem imaginar o filme que foi tratar das coisas aqui. O meu quarto tem uma cama fofa e uma grande secretária, e um quarto de banho em tons de castanho, com um chuveiro com mais pressão do que o que tenho em casa, e um daqueles aquecedores onde se pode pôr a toalha a secar ou aquecer. Infelizmente, não há pratos, talheres, ou tachos para cozinhar, por isso passei a tarde no supermercado com a minha companheira de quarto, uma rapariga Austíaca que se mostrou muito contente com a minha chegada. E na verdade, sabe bem ter alguma companhia, alguém com quem trocar impressões e a quem pedir ajuda.

Sobre o supermercado, tenho a dizer que, excepto a zona de saldos, vendia produtos normais: comprei um sabonete Dove, e um champô da Loreal. Para comer, decidi experimentar alguma coisa polaca, e trouxe kroketkis, uma espécie de croquetes gigantes que sabiam a crepes chineses. Em relação à secção dos saldos, era uma espécie de banca com todo o tipo de produtos, a maioria dos quais parecia já ter sido usada, e que, incrivelmente, são vendidos ao peso.

Mas não há nada mais hilariante do que ver filmes em televisões polacas. Porque, como na maioria dos países da Europa, os Polacos dobram os filmes em vez de usar legendas. O que até seria interessante, se não se desse o facto de ser sempre a mesma pessoa a ler as falas de todas as personagens, e sempre com a mesma entoação. Só resta desejar, sinceramente, que não usem sempre a mesma voz para todos os filmes.

2 comentários:

  1. Bem que espectáculo! Realmente a tua sorte para esta viagem anda em baixo xD

    Mas já andas a descobrir comida polaca, a fazer amizades, e a rir-te a valer. Isso é que é importante, cara Beky Rebeky! =D

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  2. Que grande aventura Beky^^
    Fico sentadinha na primeira fila à espera de novidades e de histórias hilariantes como esta, desejo-te a maior sorte do mundo por terras polacas e mais posts! :D

    Beijinhos grandes, Marina ^^

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